segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Na luz ou nas trevas? [2]


Não quero dar a impressão de que estou lançando um fardo pesado demais nas costas de vocês. Não quero ser insensível ou, como já cansei de falar, passar uma imagem de santa aqui. Mas creio que aquele que se considera um filho de Deus por meio de Jesus Cristo não pode dar desculpas nem se isentar de seu papel. Afinal, Ele, o Filho, não disse para levarmos dia a dia a nossa cruz e segui-Lo? [Lucas 9.23] Será que esse “levar a cruz” não significa que teremos que sacrificar algo em nossas vidas? Falei que aceitei Jesus, dou meu dízimo, tomo e ceia uma vez por mês e é só?

Fico aqui viajando nesse tema, na sensualidade, e em como a leitura desse livro ampliou minha visão a este respeito. Eu já sabia o quanto isso é forte na sociedade – seja qual for, e também que há entidades demoníacas por trás disso. Mas é como se, ao pensar em tantas coisas ao redor eu pudesse ver como a sensualidade está entranhada em tudo que consumimos ou que nos é oferecido. Isso é sério. Lá fora as pessoas têm batido cada vez mais a cabeça na parede influenciadas por estes espíritos e pela ideologia que eles fortaleceram ao longo dos séculos. Muitos têm achado que a morte é a única solução, pois a sensualidade os convence e os cega.

Em seu livro, o Coty faz um paralelo entre a criação de Deus e a imitação do diabo. Tudo que Deus cria, ele tenta copiar, deturpando o sentido e objetivo, mas tentando fazer algo o mais convincente possível. E ele criou a sensualidade justamente para confundir o entendimento do amor divino. Pensem em como isso é verdade? Quando eu me lembro de todo meu romantismo, fica claro pra mim essa relação. Como foi difícil entender e receber o amor de Jesus como meu Noivo. Até boa parte da minha adolescência eu pensava que o casamento era o “felizes para sempre”. Alguns meses atrás, uma bonita atriz brasileira se jogou da mesma sacada onde o noivo havia se jogado poucos meses antes. A sensualidade a convenceu de que não havia mais “felizes para sempre” pra ela, porque seu “príncipe” tinha partido. E a convenceu também de que “do outro lado” esse final poderia acontecer.

E com quantas vidas isso não tem acontecido! Quantos relacionamentos falidos, marcados pelo desrespeito, possessividade, dependência, não têm chegado ao nosso conhecimento? É a marca da sensualidade. Ela tenta ocupar o lugar de Deus na vida de uma pessoa, até que essa pessoa esteja fora do alcance do amor de Deus, como foi o caso dessa atriz e seu noivo.

A igreja deve ser um lugar para tratar os doentes, mas como ela vai ajudar alguém a se curar, e a ser curado, se ela mesma estiver doente? Jesus disse que faríamos obras maiores [João 14,12], mas por que isso não tem acontecido? Não será por que sua própria igreja, sua noiva, negociou os valores do reino por uma vida confortável aqui na terra?

E eu sei que essa não é uma luta justa [o diabo não é justo!], porque os apelos da sensualidade podem ser notados em tudo: ao ligar a tevê, ao abrir o jornal, ao navegar na internet, ouvir música [secular] e por aí vai. Não é uma luta fácil que os jovens, nós, jovens, temos travado contra ela. Já não seria fácil simplesmente dizer não à nossa carne, temos que dizer à nossa carne sendo bombardeada pelos apelos da sensualidade, mas isso não é motivo para entregar os pontos e relativizar tudo. Ou então a Palavra de Deus é mentirosa, porque lá está escrito: “Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele lhes providenciará um escape, para que o possam suportar”. [I Coríntios 10.13]

Eu amo a palavra equilíbrio, mas odeio ouvir que “é relativo” ou “não tem nada a ver” [sem “h”, por favor!rs]. É relativo pra quem não lê a Bíblia. Não tem nada a ver pra quem não lê a Bíblia. Lá também está escrito que ou é sim, ou é não. [Mateus 5.37] Ou é certo, ou é errado. É preto no branco, ou branco no preto. Cinza está fora. Cinza está em cima do muro e será vomitado: “Assim, porque você é morno, nem frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca”. [Apocalipse 3.16] Essa palavra d’Ele é pra igreja de hoje.

Entre os jovens evangélicos na faixa dos 16-24 que responderam à pesquisa da BEPEC explicada no post anterior, 66,54% afirmaram se masturbar regularmente. Meninos, não tenho ideia do que vocês passam, mas ainda que a palavra masturbação não esteja na Bíblia, não deixa de ser errado. Alguém consegue se masturbar pensando na economia mundial ou nos conflitos no Oriente Médio? Alguém consegue fazer isso sem pensar em uma pessoa? Porque Jesus disse no sermão do monte que “qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração” [Mateus 5.28]. Claro que não estou excluindo as meninas dessa estatística, mas tenho a impressão de que é menos complicado pra gente evitar esse pecado. Mas cada regra, é claro, tem sua exceção.

Já entre os evangélicos casados, a pesquisa revelou que 32,03% têm como hábito acessar pornografia pela internet e 12,51% recorrem a ela por meio da televisão, DVD ou cinema. As revistas pornográficas fazem parte da rotina de 2,97% dos entrevistados. Chegamos ao ponto de ser criado o “pornô gospel”. Como se qualquer lixo pudesse ser santificado debaixo da palavra que é traduz EVANGELHO. Gospel é o evangelho, mas virou rótulo pra muita coisa que os crentes não querem abrir mão no mundo e, então, trazem pra “igreja” com a desculpa de “não ter nada a ver”. [aaaaaaaaiiiiiiii!]

Um ponto que acho muito interessante nesse livro, “A Face Oculta do Amor – Desmascarando o espírito de sensualidade” [Marcos de Souza Borges – Ed. Jocum Brasil], é sobre o argumento da poligamia. Assim como muita gente usa o argumento de que na Bíblia se bebe vinho para se embriagar, usa-se também o argumento de que muitos homens usados por Deus tinham várias mulheres.

Coty nos lembra que Deus, como um Pai que ama seus filhos, aceitou isso na vida desses homens, mas que essa prática não O agradava e, por isso, não deixou de ter consequências. E ele nos lembra disso dando uma repassada na história de muitos desses homens. Abraão tomou sua serva por mulher e o filho que ela deu à luz originou uma geração que hoje odeia o povo e os valores de Deus. Davi cometeu adultério e homicídio, foi perdoado porque se arrependeu de verdade, mas os filhos que ele tinha com suas várias mulheres se voltaram uns contra os outros e até mesmo contra ele. Salomão, um dos filhos de Davi, teve mais sabedoria do que qualquer outro homem, mas também se deixou levar pela sensualidade, teve mil mulheres em seu harém e, depois de experimentar tudo o que a vida de um rei poderia oferecer-lhe, eis o que ele afirma:

"É tudo culpa dos meus pais".
“Descobri que muito mais amarga do que a morte é a mulher que serve de laço, cujo coração é uma armadilha e cujas mãos são correntes. O homem que agrada a Deus escapará dela, mas ao pecador ela apanhará”. [Eclesiastes 7.26]

Será que a gente quer arriscar nossa salvação em favor dos nossos desejos e relativismos? Ou então, como Salomão, chegar ao fim de nossa vida e olhar pra trás com frustração e lamento? Ou ainda chegar ao céu e vermos tudo que poderíamos ter sido e feito nas mãos de Deus, mas que rejeitamos porque não queríamos rejeitar nossa carne?

“...mantendo a fé e a boa consciência que alguns rejeitaram e, por isso, naufragaram na fé”.
I Timóteo 1.19

"Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más".
João 3.20

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