sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Então... é Natal???

Ontem, indo pro trabalho, no calor de 40° que tava essa cidade, presa duas horas num engarrafamento, senti um desconforto crescendo dentro de mim que não foi causado por nada disso. Nem por causa dos sintomas nada eventuais de gripe que tava sentindo (náusea era um deles). Nem porque é mais um Natal desacompanhada. Ou nem porque vou trabalhar na véspera desse Natal, ou seja, essa madrugada.

O que crescia dentro de mim era um tristeza "inexplicável", pensando nas pessoas que não conheço pessoalmente, mas sei estarem gravemente doentes. Também as pessoas que vão passar mais um Natal de fato sozinhas, e não apenas sem o futuro marido ou esposa em suas vidas. 

Talvez por sentir que não estava com 100% da minha capacidade física, meu pensamento pôde pela primeira vez imaginar com menos insensibilidade ou egoísmo, a dor de cada uma dessas pessoas.E continuo pensando. Como será começar um novo ano sem nenhuma esperança? Apenas se perguntando quanto tempo mais seu sofrimento irá durar? Sentindo-se sozinho e abandonado? Vendo todo o mundo sendo convidado pra uma festa pra qual você não foi convidado?

Queria ter palavras doces e animadas esse ano, como me é de costume. Mas fiquei naquele ônibus segurando as lágrimas que agora correm livremente. E vasculhava as possibilidades de fazer algo diferente pra tentar aplacar a dor dessas pessoas, mas por causa do trabalho, não tinha tempo, e por causa da gripe, nem podia pensar em expor pessoas a esse vírus num hospital, por exemplo.

Não tá tudo bem. Tem muita gente lá fora sofrendo. Pouco antes de descer do ônibus, ainda vejo um mendigo revirando o lixo e comendo resto de comida que encontrou lá. Não consegui olhar por muito tempo.

Essa semana assisti uma mensagem do Pastor Rob Bell falando que Jesus tem fé em nós. Que Ele não teria feito o que fez por nós, se não acreditasse que pudéssemos viver como Ele viveu. Os discípulos provaram. E nós também precisamos provar. Em quantas passagens dos evangelhos Ele se mostra profundamente tocado pela dor da multidão? E mesmo que muitos não creiam, Ele não aplaca essa dor? Seja dando o alimento para seus corpos, libertando ou curando? E porque nós não conseguimos oferecer essas coisas para aqueles que estão presos num labirinto de escuridão, desesperados, sem encontrar a saída?

Não era pra ser assim. Não é pra ser assim. Ele nos deu autoridade pra operar os mesmos sinais. Mas precisamos também deixar pra trás nossa imaturidade. Parar de olhar pra nós mesmos.

E quando eu falei em tristeza inexplicável com aspas, é porque tem explicação. Deus responde às nossas orações. Ele anseia por nos dar um coração como o d'Ele, que chora com os que choram e se alegra com os que se alegram. Mas mais do que sentir, Ele quer que ajamos. Por isso, no Natal não vai me restar muito a fazer do que orar, mas tô orando pelas circunstâncias e direção d'Ele pro próximo final de semana. Ou, se for realmente o caso, a partir do próximo ano. Um ano NOVO, não só pra mim.

Um comentário:

Marcinha disse...

nossaa!li o post meio atrasada. Eu pensei muito nisso no natal, alias desde sempre pensei muito nisso e da EM pra ca isso tem me incomodado mais ainda. Mas infelizmente esses pensamentos AINDA não foram transformados em ação.
tá pensando em que?