quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Prodigals

Semana passada estava me arrumando pra trabalhar enquanto ouvia um álbum que tinha baixado do Michael English. O título é "The Prodigal Comes Home", ou seja, O [filho] Pródigo Volta à Casa. 

O Michael English cresceu em uma família cristã e nela também desenvolveu seu talento musical. Muitos anos depois, com uma carreira na música cristã já consolidada, seu nome foi envolto em um escândalo de adultério. E isso aconteceu uma semana depois de ele ter ganhado quatro Dove Awards - o prêmio máximo da música cristã norte-americana, incluindo o de Artista do Ano. Pensemos, prum cara ser considerado "O Artista do Ano", ele tem que ter sido uma referência neste ano, né? Exemplificando o que eu quero dizer, isso aconteceu com o Steven Curtis Chapman [outro dinossauro sensacional da música cristã] o ano passado. Uma de suas filhas adotivas [chinesas] morreu após ser atropelada pelo filho mais velho na garagem de casa. Foi um acidente, mas é óbvio que isso abalou aquela família. A menina tinha inspirado uma canção, Cinderella, de seu último álbum. Mas após um tempo de luto, eles voltaram ao trabalho, sustentados pela Graça de Deus. E por isso ele foi referência, foi o Artista do Ano porque mostrou que o que cantava era também o que vivia.

Voltando ao Michael English... ele confessou ter tido um caso com uma cantora do grupo que o acompanhava em turnê. Com isso, todas as rádios pararam de tocar suas músicas, a indústria da música cristã rompeu contratos e cessou divulgações, além de retirar seus álbuns das prateleiras. Ele e a esposa se divorciaram. English começou, então, a trabalhar somente nos bastidores, na produção musical. Em 2000 ele voltou a gravar um álbum, compartilhando seu testemunho de como Deus o libertou do vício em analgésicos. Em 2002 ele se casou novamente, com a filha de um pastor do Tennessee, e tiveram uma filha. Em 2007 ele escreveu sua auto-biografia, The Prodigal Comes Home, que se tornou um álbum no ano seguinte, como já mencionei.

Pródigo significa: 1 Aquele que gasta e destrói desordenadamente seus bens, reduzindo-se à miséria. [Fonte: Michaelis]

Penso em dois bens que o Michael English destruiu: seu testemunho cristão e seu relacionamento com a esposa. Com certeza ele teria outros também para citar. 

Muitas pessoas destroem sua saúde ou sua auto-estima quando decidem que é hora de "procurar seus próprios caminhos", se adequar ao que o mundo anuncia ser a melhor forma de se viver, experimentarem tudo o que "perderam" estando na igreja...

A Parábola do Filho Pródigo, relatada em Lucas 15, pode nos fornecer inúmeras reflexões a este respeito. Nem em sonho eu conseguiria liquidar todas elas, muito menos a metade. Mas enquanto eu ouvia o English cantar nesse álbum de volta pra casa, eu fui tocada sobre duas coisas que essa Parábola nos traz.

Ouvindo ele cantar foi como se eu pudesse sentir a dor de quem foi julgado, de quem se perdeu, mas, principalmente, a humildade com que essa pessoa se colocava. Ele errou e todos sabiam disso. Mas ele se arrependeu e voltou atrás. E então eu penso no desserviço que fazemos pro Reino quando nos portamos como o irmão do filho pródigo. Tipo, entendo muito bem que ele foi ferido, se sentiu preterido. Somos humanos e passíveis de sentir essas coisas, mas fica claro todo o tempo que nada disso aconteceu, o Pai reafirmou seu amor por ele e a alegria de tê-lo consigo. A igreja não é exército pra sermos condecorados pelos nossos serviços, honrados publicamente pela nossa bravura e abnegação. Mas muitas vezes preferimos ficar no nosso pedestal de "autoridade" desconfiando se alguém foi de fato transformado, se realmente se arrependeu, ao invés de entrar em casa e celebrar seu retorno com nosso Pai. Esse não é nem nunca foi nosso papel - julgar. Detalhe, também nunca será!

Sobre o filho pródigo, ele se lembrou de casa depois de ter acabado com todos os seus bens e ter passado por uma  situação de necessidade devido à fome que tomou conta da nação distante onde ele estava. Ele se arrependeu. E já nem se sentia digno de voltar a ser chamado de filho. Nem mesmo servo ele pensou que poderia ser, porque naquela época e naquela cultura os servos/escravos eram como parte da família. Mas ele pensou em se oferecer pra ser um trabalhador, que poderia ser dispensado a qualquer momento.

E eu fiquei pensando... Não importa quanto você tenha pra gastar. Talvez você esteja gastando  sua juventude, beleza, saúde, popularidade, etc. Mas uma hora a crise chega. Uma hora tudo termina. Volta pra casa. 

Mesmo sujo e cansado, o seu Pai Celestial quer te abraçar. Você pode achar que está irreconhecível por tanta sujeira, mas Ele te vê de longe e enxerga o seu coração, enxerga quem Ele te criou pra ser. Não se preocupe com o que o seu irmão vai dizer, não se preocupe com que os outros vão pensar. Lembre-se só de uma coisa: seu Pai está com saudade.

Essa música do Michael Gungor tão linda que [é claro que] eu tive que compartilhar aqui amplia um pouco nossa visão de filho pródigos. Podemos receber esse título todas as vezes que negligenciamos os bens que o Pai nos concedeu, todas as vezes que tiramos proveito deles sem nos preocupar com a forma correta que Ele gostaria que os usássemos.



Prodigal
Michael Gungor

Eu provei da Tua glória e deixei-a lá
Tu derramaste Teu Espírito e eu nem liguei
Ainda assim me amavas

Eu vivi por minha conta sem ninguém pra culpar
Eu tomei o que me deste e dilapidei Tua glória
Ainda assim me amavas
Nada se compara ao que fizeste por mim
Nada se compara ao que fizeste por mim

Eu poderia viver pelos quebrados e compartilhar da dor deles
Eu poderia morrer como um mártir ou viver como um santo para Te amar
E poderia cantar como os anjos e reunir Teu louvor
Ser abençoado além da medida e deixar tudo só para Te amar
Ainda nada se compara ao que fizeste por mim
Nada se compara ao que fizeste por mim

Meu coração foi quebrantado; eu deixei minha vergonha
Por causa da Tua misericórdia
Tudo que eu posso dizer é Te amo
Então eu contarei Tua história
Eu carregarei Teu nome
Eu viverei pra Tua glória, Senhor
Eu compartilharei Tua dor somente para Te amar
Nada se compara ao que fizeste por mim

Nada pode nos separar
Nem morte ou vida
Nem profundidade ou altura
Ou poder não visível
Agora ou nunca!

Um comentário:

Little Star disse...

snif, snif...
transmimento de pensação!