sexta-feira, 10 de junho de 2011

Você está confortável?

Pode ter quem pense que eu sou uma pessoa alienada. Que vive em um mundo cor-de-rosa por ficar falando do vento, do outono, de relacionamentos, da chuva que Deus manda ou segura "quando" eu peço. Mas não é bem assim. Louvo a Deus porque posso vê-Lo e notá-Lo nas "pequenas" coisas. O louvo por Ele ter "aberto" meus sentidos para a beleza da criação d'Ele, que proclama Sua glória e anuncia a obra de Suas mãos [Sl 19.1].

Mas da mesma forma que meu coração é inspirado pelos sinais da presença d'Ele, meu coração é entristecido, às vezes até oprimido, pelos sinais da ausência d'Ele. Da mesma forma que me dá vontade de apertar a bochecha d'Ele olhando pro céu ou pro topo das árvores, por exemplo, meus olhos se enchem d'água quando, dentro do ônibus, vejo a desigualdade social. É bem verdade que a desigualdade social nunca vai deixar de existir neste mundo até que Jesus venha e restaure Sua criação, mas nem por isso ela vai deixar de me machucar nem deixarei de desejar diminuí-la. 

Tenho orado para ser usada por Deus como um instrumento de transformação social, e isso não é de hoje, porque a desigualdade sempre foi o que mais feriu meu coração nesse mundo caído. Mas sei que Deus não nos manda fazer nada sem antes nos preparar, capacitar. Assim como Moisés passou 40 anos no deserto antes de estar frente a frente com Faraó, pedindo a libertação do povo de Deus. Ou mesmo Jesus, que não começou seu ministério terreno antes dos 30 anos.

É possível que, enquanto isso, essas dores cresçam dentro de mim, como acontece com a mulher prestes a dar a luz. Pode ser que, agora, haja quem tenha pena de mim pensando "é uma atormentada". Pode ser. Sei que não estou à vontade nesse mundo, não consigo estar à vontade neste mundo. Não estou em casa. E a ausência do meu Senhor, tão visível e terrível, dói lá no fundo. As consequências disso na vida de tantas pessoas que Ele ama não poderiam me deixar confortável. Não estou aqui para viver minha vidinha, alcançar minhas conquistas, acumular e desfrutar. Estou aqui pra carregar a minha cruz e, isso, dia a dia.

Vejo o afluxo constante de veículos nas avenidas desta metrópole e cada vez tenho mais a visão de que nunca vou ter um carrão importado. Acho que não conseguiria. Como eu poderia estar dentro de um carro desses e olhar pra fora e ver uma criança que deveria estar em casa ou na escola tentando conseguir umas moedas enquanto tenta equilibrar várias bolinhas em suas mãos? Ou mesmo ver um pai de família tentando sustentar a sua casa vendendo doces no sinal? Como? Se isso já me machuca hoje, que ando de ônibus, imagina pensar que teria condições de trabalhar por essa mudança?

Pode me chamar, sim, de atormentada. Mas meu coração arde quando olho pra fora e vejo um adolescente vendendo amendoim no anel rodoviário quando o dia começa a anoitecer. Minha mente viaja e fico pensando que não era pra ele precisar fazer isso. Que ele deveria ter outras preocupações neste momento da vida. E ainda fico pensando em quantos, como ele [talvez até mesmo ele] não se esforçam dessa forma e, quando chegam em casa, encontram um pai alcoólatra, que agride sua mãe e talvez até abuse das irmãs. Ou talvez nem tenham mais pai, e encontram a mãe alcoolizada, irmãs na prostituição. Penso também naquele pai que vende chocolate até tarde no sinal. Penso que ele merecia um salário digno, pra poder ter tranquilidade de chegar em casa sabendo que conseguiu o sustento da família, ao invés de ficar até a noite no sinal, para tentar conseguir um pouco mais de recurso. Talvez ele também chegue em casa e encontre um filho mergulhado nos vícios, uma filha na prostituição. Ele faz o que pode, mas não é suficiente. O diabo usa as armas que tem para tentar destruir essa família. 

Não estamos aqui para ter os melhores cursos, os melhores carros, as melhores casas. Se ainda estamos aqui, é porque temos uma missão. E nossa missão é imitar aqu'Ele que se entregou a si mesmo por amor. O quanto temos amado? Temos, ao menos, nos sentido incomodados com a realidade à nossa volta? Um dia estaremos frente a frente com Ele, e não teremos folhas de figueiras para esconder nossa vergonha. [Gn 3.7]


In the morning when I rise,
De manhã, quando me levanto
In the morning when I rise,
De manhã, quando me levanto
In the morning when I rise give me Jesus.
De manhã, quando me levanto, dá-me Jesus
Give me Jesus, give me Jesus.
Dá-me Jesus, dá-me Jesus
You can have all this world, but give me Jesus.
Você pode ter todo esse mundo, mas dá-me Jesus
 

And when I am alone,
E quando eu estiver sozinho,
Oh, and when I am alone,
Oh e quando eu estiver sozinho
And when I am alone give me Jesus.
E quando eu estiver sozinho, dá-me Jesus
 

And when I come to die, Oh, and when I come to die,
Quando eu vier a morrer, oh, quando eu vier a morrer,
And when I come to die, give me Jesus.
E quando eu vier a morrer, dá-me Jesus
You can have all this world,
Você pode ter todo esse mundo,
You can have all this world,
Você pode ter todo esse mundo,
You can have all this world, but give me Jesus.
Você pode ter TODO esse mundo, mas dá-me Jesus.

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