sábado, 6 de agosto de 2011

Muito além dos acordes...

Tinha algumas coisas em mente para escrever, mas estava faltando tempo por causa de algumas mudanças no meu trabalho. Não durmo mais no final da madrugada, este agora é meu novo horário pra acordar pro trabalho! rs Também não queria escrever sem tempo ou total convicção. Acho que essa ideia que já despontava precisava de um tempo pra ser "maturada" e ainda me deu uma oportunidade de praticar um pouco meu domínio próprio. hehe Ao longo dos parágrafos essa introdução vai ficar clara [espero!].

Como falei no último post sobre meu acervo de pouco mais de 15 mil músicas cristãs contemporâneas, compreendendo cerca de 250 intérpretes diferentes, estava sentindo o desejo de desenvolver um pouco mais desse tema. E hoje veio minha "deixa". Para quem não está muito familiarizado com esse vocabulário, "deixa" é uma palavra que, geralmente repórteres e apresentadores, usam para saber quando eles devem iniciar suas falas, uma espécie de código, de confirmação.

Hoje quando voltava do trabalho e fui colocar meus fones, fiquei hesitante quanto a que intérprete ouvir. Passei por toda a lista no meu celular e fiquei entre Tenth Avenue North e Tim Hughes. Cheguei a clicar em Tenth, mas voltei atrás e passei a ouvir Tim - que é um dos mais-mais. Meu álbum mais amado e ouvido até então, neste ano, é o dele.

Eram quase 10 horas da manhã e seguia meu caminho, quando soprou um vento. Minha vontade na hora foi a de levantar os braços pro céu e começar a cantar a música que ouvia. Isso confirmou que escolhi o intérprete certo pra ocasião. hehe Um tempo depois, já dentro do ônibus, continuava cantando as músicas [sempre sem emitir som], porque o desejo de louvar ao meu Criador só aumentava. E, num dado momento, quando passava em frente a um cemitério no caminho, estava com os olhos fechados e, ao abri-los pensei que fosse melhor tornar a fechá-los, mas me perguntei "por que eu não poderia louvar, olhar pro céu, mesmo diante desse cemitério?". E me veio à mente um versículo em Eclesiastes, que diz:

"O que as suas mãos tiverem que fazer, que o façam com toda a sua força, pois na sepultura, para onde você vai, não há atividade nem planejamento, não há conhecimento nem sabedoria". [Ec 9.10]

Tive, então, aquela convicção de que era o tempo certo de louvar, e com toda intensidade. Porque eu posso louvá-Lo, ao contrário de tantas pessoas que foram enterradas naquele lugar. Algumas, podem voltar a louvá-Lo um dia, outras, nunca mais terão essa oportunidade. Eu posso louvá-Lo porque estou viva e por estar viva também, e, ainda, porque O conheço de forma a querer louvá-Lo cada vez mais.

C.S. Lewis afirma, em Cristianismo Puro e Simples, que a música "é o objeto conhecido nesta vida que mais fortemente sugere o êxtase e a infinitude" e, por isso, é usado na Bíblia como símbolos d'Ele e do que nos aguarda no Céu. Sou muito grata por esse presente que Ele nos concedeu e também por Ele ter me proporcionado me alimentar e me utilizar da música feita por Ele e pra Ele. E acho que isso começou durante o início do meu processo de busca pela santidade, já mencionado aqui.

Sempre gostei demais de música e, desde cedo, a música cristã se tornou importante na minha vida, mas não deixava de ouvir as seculares e admirar o talento expresso por elas. O talento eu ainda admiro, apesar de lamentar que não seja utilizado para o fim a que foi criado. Mas ouvir, tem tempos que não ouço. Aos poucos, fui apagando tudo. E eu tinha bastante coisa [não 15 mil, claro!]. Toda comédia romântica que gostava, baixava a trilha inteira. Mas o Espírito Santo foi me mostrando que as músicas animadas não me trazia nada de bom, ao passo que as calminhas e românticas influenciavam demais meu estado de espírito. Eu amava, em especial, músicas dor-de-cotovelo. Faz sentido isso? Era muita burrice pra uma pessoa só continuar com essas práticas.

A maior parte dessas 15 mil músicas louvam a Deus diretamente, outras louvam cantando o amor que Ele planejou que exista entre homem e mulher e outras louvam através de experiências e percepções que são compartilhadas. Claro, sempre há também aquelas que apenas repetem o que parece vender, principalmente porque a maioria é americana e o mercado lá é absurdamente grande, né?!

Já disse aqui que, cada vez que senti falta de um intérprete secular, Deus me mostrou alguém com talento e semelhanças pra suprir essa falta - alguns eu nunca tinha ouvido falar, outros eu só ainda não tinha parado pra ouvir com atenção.
Não estou falando que você precisa ouvir só música cristã pra ser salvo, de forma alguma. No último post mesmo disse que é simples: "Creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa" [Atos 16.31]. Parar de ouvir música secular não foi [nem é] uma exigência, na minha vida é uma consequência. E mais do que uma consequência, um prazer, um presente, um privilégio. É uma forma de tentar praticar o que está escrito em Filipenses 4.8:

"Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas".

Como eu escuto música durante boa parte do meu tempo, é uma forma da minha mente estar voltada pra Deus. E Ele já falou comigo inúmeras vezes através de músicas que Ele mesmo me apresentou. Já partilhei isso por aqui também várias vezes. Chega a ser engraçado ouvir uma música que me acompanhou durante um tempo difícil e poder refletir como Deus me tratou durante esse período ou como foi bom encontrar pra palavras pra expressar aquilo que eu mesma não estava conseguindo.

Outro dia cliquei num link tuitado que trazia o título de um post, que dizia "Pra quê serve a música gospel?", ou coisa do tipo. E aqui entra a parte do domínio próprio que falei. rs Eles postaram a letra de uma banda de rock na qual o sujeito afirmava o completo desespero no qual estava sua vida e, acredito que no refrão, chegava a perguntar por Deus. É novidade que muitos desses artistas estão em desespero, ainda que a maioria não cante isso? Por qual outra razão se afundariam tanto nos vícios, promiscuidade, em uma jornada, muitas vezes sem volta, de autodestruição??? No meio da letra, um palavrão era sempre repetido. Ok, não vou esperar que esses artistas tenham temor do Senhor, né? Mas o que mais me revoltou foram alguns comentários na postagem, exaltando esse tipo de música e afirmando que diante desse tipo de coisa, artistas seculares "falarem" de Deus, não há mais serventia nenhuma na música cristã. Um deles chegava a dizer que não gostava da tal banda, mas que qualquer coisa é melhor do que "gospel".

Das duas uma: ou essas pessoas que pensam e dizem isso não conhecem nada de música cristã, ou nada do Espírito Santo. Lembro de ouvir o Pastor Lúcio Barreto falar que a origem do verbo "jazer", vem de ninar. Quando lemos, na Bíblia, que "o mundo jaz no Maligno" [1Jo 5.19], significa que o mundo está embalado nos braços dele como uma criança. O mundo está sendo ninado pelo diabo, porque ele não quer que o mundo acorde pra realidade dele, do mal, e do bem, de Cristo. Mas uns comentários desses, sejam escritos, sejam falados, me fazem temer que tenha muita gente confortável, sendo ninada. Nada as incomoda. Tudo é relativo, tudo é permitido. Podem ouvir o lixo que for que permanecem inabaláveis. Ou talvez sejam superiores demais para serem tentados ou perderem o foco. A falta de conhecimento é realmente o que eu mais acho engraçado em quem fala asneiras desse tipo. Nos Estados Unidos, onde a música cristã tem história (Nashville e Memphis, no Tennessee, são consideradas berço das músicas country e cristã e são tidas como referência até hoje, além de parada obrigatória pra quem ama música), a indústria de entretenimento não rejeita a música cristã. São inúmeros os filmes, séries e programas que recorrem à música cristã como trilha. Não foram poucas as vezes em que, assistindo algo na tevê, me surpreendia ao reconhecer uma melodia familiar até identificar de qual se tratava. Até mesmo no Brasil isso acontece. Uma vez, no meu antigo trabalho, estavam ouvindo 98 FM e, de repente, começou a tocar uma música do TobyMac - outro gênio criativo e inspirado da música cristã contemporânea, que faz uma miscelânia de rap, r&b, rock e até reggae em seu som.
Você pode se empolgar e se emocionar com o talento das vozes, da execução dos instrumentos na música secular. O talento é dado por Deus a cada um desde o nascimento. Pode se identificar com as letras. Essas músicas podem transmitir pra você alegria, emoção, inspiração, romantismo - falando das coisas boas, mas não podem transmitir paz. No máximo uma "aparência" de paz, como as músicas da Enya, usadas pra meditação. Mas quem conhece essa paz da qual estou falando, sabem que estou falando a mais pura verdade. Todas as sensações boas que falei acima passam rápido e, muitas vezes por isso, dão origem a sensações ruins, como ansiedade, desespero, tristeza. Mentira? Eu já provei isso inúmeras vezes. Mas as músicas feitas com a inspiração do Espírito Santo transmitem a paz, que é um importante gomo do fruto d'Ele. hehe Hoje mesmo, voltando do trabalho, das músicas mais agitadas às menos agitadas e até às totalmente calmas do Tim Hughes, todas me transmitiam uma paz sem igual. Como se [também já falei isso no blog] potencializassem minha própria percepção da paz d'Ele dentro de mim. Quando alguém usa esse talento dado por Deus, pra glória d'Ele, a Palavra nos afirma que esse dom aumenta, é multiplicado, assim como a amplitude disso.

Acho que estou caminhando pro fim desse post, e quero fazer isso com uma comparação bem clara. 

Quem já não ouviu a música Hallelujah, de autoria do canadense Leonard Cohen, que ficou muito conhecida entre os da nossa geração através da trilha de Shrek?


Leonard Cohen é judeu e se tornou, também, monge no final da década de 90. Uma vez perguntado se uma religião não interferia na outra, ele respondeu: "Bem, para uma coisa, na tradição Zen que eu tenho praticado, não há culto de oração e não há nenhuma afirmação de uma divindade. Teologicamente, então não há desafio para qualquer crença judaica". Além de compositor, ele é filósofo. Chegou a dizer, quando Kurt Cobain morreu, que lamentava por não ter falado com ele, que no monastério muitas pessoas conseguiram se livrar das drogas e, por isso, havia outras opções além da Escola Dominical. A música dele reflete esse mesmo vazio de alguém que já ouviu muito de Deus, mas nunca o conheceu. Que sabe muito da Bíblia [pelo menos do Velho Testamento], mas nada de Deus. Expert em religião, mas ignorante em Cristianismo de verdade. Ela não é uma música cristã, é uma música secular que aborda temas bíblicos. Não é um louvor, é um lamento.

"Eu soube que havia um acorde secreto
Que David tocava, e que agradava o Senhor
Mas você não liga muito para música, não é?

É assim..., a quarta, a quinta,
O menor cai,
O maior sobe,
O rei frustrado compõe Aleluia

Aleluia...
 
Sua fé era forte mas você precisava de provas
Você a viu tomando banho do telhado
A beleza dela e o luar arruinaram você

Ela amarrou você à cadeira da cozinha
Ela destruiu seu trono
Ela cortou seu cabelo
E dos seus lábios ela tirou um Aleluia

Aleluia...

Talvez eu já estivesse aqui antes
Eu vi este quarto, eu andei neste chão
Eu vivia sozinho antes de conhecer você

E eu vi sua bandeira no arco de mármore
Um amor não é uma marcha da vitória
É um frio e sofrido Aleluia

Aleluia...

Mas houve um tempo em que você me disse
O que realmente acontecia lá embaixo
Mas agora você nunca me mostra, não é?

E lembre-se quando eu te comovi
E a pomba da paz também se comoveu
E cada o suspiro que dávamos era um Aleluia

Aleluia...

Talvez haja um Deus lá em cima
E tudo que eu já aprendi sobre o amor
Era como atirar em alguém que tirou você

Não é um choro que você pode ouvir de noite
Não é alguém que viu a luz
É um frio e sofrido Aleluia

Aleluia..."

Fiquei contente da vida quando vi, outro dia, que alguém tinha aproveitado essa bela melodia em um hino de louvor. O ministro da música cristã, Lincoln Brewster, compôs uma nova versão pra essa música, como tributo a cinco missionários americanos assassinados no Equador.

O testemunho do Lincoln é um "pouquinho" diferente do Cohen. Ele não nasceu num lar cristão, mas por volta dos 20 anos, há 20 anos atrás, ele tomou uma decisão: "Sentindo-se vazio, ele participava de cultos na igreja de sua namorada do colegial, a cristã Laura. Ele se lembra de Deus o atraindo depois de assistir uma peça na igreja com Laura. 'Eu estava com medo de perder um monte de coisas na minha vida. Uma noite, eu coloquei todas as minhas cartas na mesa. Eu convidei o Senhor a entrar na minha vida, totalmente sozinho. Foi a melhor noite de sono que eu já tive. Eu estava em completa paz'."

Ele, um levita consagrado a Deus, pôde compor uma canção de louvor. Um Outro Aleluia. Façam a prova da paz. Quem conhece a verdadeira paz, vai saber diferenciar. Uma letra bem mais simples, mas não é sobre conteúdo, é sobre coração. Um coração rendido aos pés do Senhor. Ciente de Sua existência, soberania e amor.


Another Hallelujah

 

I love You Lord with all my heart
Eu Te amo, Senhor, com todo meu coração
You've given me a brand new start
Tu me deste um começo novo em folha
And I just want to sing this song to You
E eu apenas quero cantar essa canção pra Ti
It goes like this the fourth the fifth
É assim, a quarta, a quinta
The minor fall the major lift
A menor cai, a maior ascende
My heart and soul are praising
Meu coração e alma estão louvando
Hallelujah
Aleluia

Hallelujah, hallelujah
Alleluia, aleluia
Hallelujan, hallelujah
Alleluia, aleluia

I know that You're the God above
Eu sei que Tu és o Deus acima de tudo
You're filling me with grace and love
Estás me enchendo com graça e amor
And I just want to say thank You to You
E eu apenas quero dizer obrigado a Ti
You pulled me from the miry clay
Tu me tiraste do barro sujo
You've given me a brand new day
Tu me deste um novo dia
Now all that I can say is
Agora tudo que eu posso dizer é
Hallelujah
Aleluia

"Mantenham o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas". 
Colossenses 3.2

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